No Grêmio, a constituição de uma sociedade empresária, seja pela transformação do seu molde societário, seja pela criação de outra, um braço comercial, trata-se de uma fatalidade histórica. Defendida internamente (“Projeto Grêmio 2003”) desde 1991, na esteira da então novel Constituição, a idéia chega à sua adoção com um atraso de quase vinte anos. Contudo, não vem emulada pelo seu real sentido, qual seja o de fonte de capitalização, via emissão de ações e debêntures, como forma excelente de captação e alavancagem de recursos. Surge por absoluta imposição dos futuros parceiros empreendedores do Projeto Arena. O motivo reside nas restrições desses agentes em negociarem com instituições sem fins econômicos, civis, sujeitas permanente e periodicamente a alternâncias de poder político doméstico, e, por isso, submissas a alterações sismológicas de planejamento, gestão, objetivos e etc. Pior, ainda, se dotadas de poder de veto, na parceria ajustada. Nasce, pois, esse formidável veículo de meios de um modo distorcido. Ademais, como seu capital, além de fechado, é pequeno, tanto quanto permitem os combalidos fundos de seu sócio majoritário, o “clube”, percebe-se-o totalmente insignificante para as demandas fantásticas do empreendimento. A sociedade empresária. apresenta-se, assim, como um ventríloquo da conveniência dos financiadores e inserida no projeto global , segunda fase, apenas como uma entidade de prestação de serviços , não de capital. Portanto, acessória e dispensável até porque sem know how sobre administração de empresas de entretenimento público. Incumbida de atos que a velha sociedade civil bem os poderia realizar, com atrofia de reflexos tributários. Tal despiciência ou quase inutilidade, contudo, não lhe retira o fascínio, a desestimular a corrida interna, dentro do clube, pela lotação dos seus cargos executivos e no seu Conselho de Administração. Tal é o que, veladamente, ou nem tanto, ilustra significativamente o atual pleito eleitoral no Grêmio, onde se digladiam chapas que visualizam, a médio prazo, a ocupação de tais vagas pelos seus integrantes. E o velho sonho de capitalização que aguarde.
(Antonio Carlos de Azambuja, advogado e conselheiro do Grêmio FPA - azamba@via-rs.net)
Publicado no Jornal do Comércio - 14 de outubro de 2008 – Secção Opinião
(Antonio Carlos de Azambuja, advogado e conselheiro do Grêmio FPA - azamba@via-rs.net)
Publicado no Jornal do Comércio - 14 de outubro de 2008 – Secção Opinião
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